Variáveis tipográficas

Serifas

Muito estudiosos e designers deiscutem a importância das serifas na legibilidade e até hoje essa questão é controversa.

Na pesquisa de Miles A. Tinker, a letra sem serifa testada na comparação de diferença da velocidade de leitura (Kabel light) é uma letra muito geométrica, e de caracteres pouco distintos entre si, e mesmo assim, a diferença de velocidade de leitura foi de apenas 2,8% em relaçã à Garamond, que na pesquisa, foi a mais legível, mas ficou em penúltimo lugar na preferência dos leitores da época (Suas pesquisas foram feitas entre 1940 e 1970). Obviamente, a percepção visual das pessoas muda depois de tantas décadas, e os próprios tipos tambem mudaram para desenhos mais leves e menos geométricos.

Já na pesquisa de Collin Weildon “Comunication or just making pretty shapes”os resultados são radicalmente a favor de tipos serifados, segundo sua pesquisa, que comparou um layout em Corona (serifada) e um helvética (sem serifa), com a mesma diagramação e o mesmo texto e encontrou que os leitores tiveram uma compreensão 70% maior de um layout com tipo serifado (observar tabela). Mas ele não diz qual peso de helvética utilizou, apenas o tamanho (8pt). Um outro fator importante é que os textos foram lidos em circunstâncias especiais, com o conteúdo sendo imposto para os leitores, é muito provável que a compreensão seja diferente quando há um interesse real em entender o conteúdo. Semelhante a qualquer atividade de panfletagem, por exemplo.

Na sua defesa do uso de tipos serifados, Collin Weildon afirma:

"Editores de revistas que argumentam em favor das letras sem serifa dizem que elas são mais atrativas, limpas e simples. Eles afirmam que as dificuldades irão passar com o tempo. As pessoas vão crescer convivendo com isso, e logo se tornarão compreensivas com tudo e com o tempo passarão a amá-las. Isso é nonsense. É análogo a dizer para em vez de alimentar suas crianças com mingau, alimentá-las com serragem. Elas se acostumarão com o tempo e passarão a amá-las"

Talvez essa afirmação tenha algo de exagerado, uma vez que a capacidade de adaptação do mecanismo de leitura é bem grande. Uma comparação melhor talvez pudesse ser feita entre arroz e feijão e peixe cru, que de fato causa um certo estranhamento inicial.

Segundo o autor, o British Medical Council realizou uma pesquisa em 1926 dizendo que as terminações retas das sem-serifa causavam um fenômeno de ilusão de ótica chamado irradiação, que dispersava a atenção do leitor, que é evitado com as serifas.

Outras teoria diz que as serifas promovem uma melhor união entre os caracteres, criando uma linha imaginária que ajuda a guiar o olhar e uma outra ainda diz que a maior diferenciação entre os caracteres dos tipos serifados é que promove sua melhor legibilidade.

Mas ainda há quem argumente em favor dos tipos sem serifa como Allan Haley, dizendo que seu desenho mais simples provu ser um pouco mais legível que os serfados. Infelizmente, ele não citou que estudo ou experiência comprova sua afirmação.

Toda essa discussão entre serifados e não serifados vale somente para textos impressos, para a tela de computador, que possui uma reolução bem menor, e um sistema de visualização por pixels, as letras serfadas não são bem vindas. A diferença de espessura no traço e os detalhe e serifas que auxiliam a leitura no texto impresso causam problemas e distorções na tela do computador, como o espaçamento inadequado, pesos irregulares entre os caracteres e entre os traços de um mesmo caracteres causam confusão e dificulam a leitura, principalmente em tamanhos menores (abaixo de 12 pt.). Sendo assim, a recomendação é de utilização de letras sem serifa e principalmente aquelas desenhadas especialmente para a visualização na tela de computador, como a arial, a verdana e a tahoma, que têm grandes alturas de x, espessura regular e espaçamento adequado para que as letras não encostem umas nas outras.

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© Ariane Stolfi, CNPQ, 2002